OS "CORPOS" DOS CINEASTAS OUSMANE SEMBÈNE E IDRISSA OUÉDRAOGO E DE SEUS FILMES EM DISPUTA: "AFRICANNES" E GEOPOLÍTICA NO CINEMA

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Data
2023/10/18
Orientadores
Programa
PPG-CINEAV -UNESPAR
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Editor
Universidade Estadual do Paraná
Resumo
Tendo em mente que a história dos festivais de cinema é também de Geopolítica do Cinema, e que por mais de meio século foi negligenciada pelos estudiosos da área (DE VALCK, 2007a; IORDANOVA, 2016), o presente trabalho visa colaborar com os estudos de festivais de cinema e das dinâmicas geopolíticas que ali se manifestam, pensando as ações de controle e censura dos filmes nas passagens de dois cineastas africanos pelo festival de Cannes: Ousmane Sembène (Senegal) e Idrissa Ouédraogo (Burkina-Faso). Pensando com Howard Becker (1976) e sua sociologia das Artes, orientamos nossas lentes não somente pelos filmes aceitos e consagrados no festival francês, mas também pelos pontos de tensão/conflito, isto é, na recusa, censura e não autorização de determinadas obras. Este estudo opta por duas abordagens metodológicas que, por um lado, tomam os cineastas e as suas obras como objeto de estudo e possibilidade de elaboração teórica, isto é, a teoria de cineastas (PENAFRIA; SANTOS; PICCINI, 2015; GRAÇA; BAGGIO; PENAFRIA, 2020). Tomamos reflexões sobre seu próprio trabalho, seu cinema, seus aspectos bibliográficos e também suas relações com outros movimentos cinematográficos e cineastas. Por outro lado, também tendo em mente a importância de ir para além dos filmes e dos artistas, pensamos em termos de uma análise discursiva como estudo fílmico, mais próximo do que é proposto por Robert Stam e Ella Shohat (2006). Assim, para tal pesquisa também observamos os elementos que ultrapassam os limites do quadro, o extra-fílmico, aquilo que está paralelo ao filme e aos cineastas, levando em consideração os contextos políticos e culturais, as dinâmicas de poder e outros enunciados que também compõem o discurso fílmico. Buscamos trazer subsídios para pensar os aspectos particulares, os cineastas, as suas obras e relações com o festival francês, ao mesmo tempo em que tomamos tais casos para pensar aspectos mais gerais das disputas políticas presentes nos festivais. Neste sentido, essa pesquisa se situa em ambos os campos: Arte e Antropologia. Trata-se da negociação das identidades africanas por meio da circulação dos cineastas e de suas obras nesses espaços de poder que são os festivais de cinemas enquanto redes de cinema transnacionais. Assim, tendo em mente o peso da ênfase nos cineastas, tal texto é constituído a partir deles, sendo dividido em duas partes, uma dedicada a Idrissa Ouédraogo e outra a Ousmane Sembène. No caso de Ouédraogo, damos ênfase aos filmes Tilai (1990) e Yaaba (1989), que são aclamados pela crítica francesa, ao passo que também adentramos e buscamos explicar os motivos que levaram Le cri du coeur (1995) a ser recusado pela mesma recepção. Em contrapartida, tendo em vista que sua entrada e consagração no Festival de Cannes já se dá em meio a um conflito, começamos a segunda parte, referente a Ousmane Sembène, a partir da premiação de La Noire de... (1966). Por fim, nas considerações finais, exploramos um esboço de conceito que propomos a chamar de “corpos fílmicos”, enquanto uma contribuição que ultrapassa os estudos de festivais e que pode servir para diversas pesquisas no campo do cinema e das artes do vídeo.
Descrição
Palavras-chave
Estudos de Festivais de Cinema; Cinemas Africanos; Geopolítica e Cinema; Antropologia Visual e da Imagem; Corpo e Cinema.
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