Queixas escolares sobre crianças em situação de acolhimento: representações sociais de educadoras do Ensino Fundamental I

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Data
2023/07/11
Programa
PPGSED
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Editor
Universidade Estadual do Paraná
Resumo
No Brasil, segundo o Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento, o número de crianças acolhidas institucionalmente é de 31.856 sendo o Paraná o quarto estado que possui mais crianças e adolescentes institucionalizados. Tendo em vista que os problemas enfrentados pela criança institucionalizada são frequentemente justificados pela sua condição de vulnerabilidade, a presente pesquisa objetiva analisar como as docentes compreendem a relação entre a produção das queixas escolares e a história da criança institucionalizada. É uma pesquisa de campo de cunho interdisciplinar, na qual a metodologia da pesquisa se organiza por meio de observação participante em sala de aula e no cotidiano das professoras, que atendem crianças do primeiro ao quinto ano, acolhidas institucionalmente devido a determinação judicial em consequência da violação de seus direitos, bem como entrevistas semiestruturadas com profissionais de uma Escola Municipal, localizada em Cianorte-PR. Para maior aproximação entre os objetivos e os resultados a serem obtidos, desenvolvemos um estudo pautado no levantamento de dados qualitativos, de cunho exploratório, levando em conta as falas pontuadas por treze profissionais da educação, associado às observações realizadas no espaço escolar. Nesta pesquisa priorizamos o referencial teórico metodológico da abordagem da Teoria das Representações Sociais, com aporte teórico de autores que colaborem com a discussão em parceria da Psicanálise e da Educação. Com efeito, analisamos a criança em situação de acolhimento como um ser humano que se constrói na relação com o outro, pela via social e cultural. Dados e resultados, foram organizados em seis categorias de análise: “o quem”, “o quê”, “o como”, “para que”, “o por quê” e “ancoragem e objetivação”, as quais evidenciaram a influência das perspectivas das professoras sobre as vivências escolares dos alunos. Revelamos que treze mulheres percebem a profissão carregada de responsabilidade e como estas sofrem com falta de condições de trabalho adequadas. Que as crianças são percebidas como carentes, com comportamentos passivos ou agitados, e que estas dificuldades, comportamentais e de aprendizagem, são atribuídas à ausência da família. Ao ver uma criança assim compreende-se que esta é uma forma lidar com as emoções despertadas entre as profissionais, bem como a manutenção do lugar de poder do professor e resultado de um sentimento de culpa ao perceber a fragilidade e impotência sobre a realidade das crianças em situação de acolhimento. Resultado de uma formação elaborada por muitos profissionais que desconhecem a realidade da sala de aula ou da escola, e que a sobrecarga de trabalho burocrático, afasta a subjetividade da prática profissional. Assim, a produção de queixas escolares e a compreensão destas se ancora no processo de homogeneização da diversidade e envolve a precarização do trabalho e da educação, com objetivos maiores como a produção de mão de obra barata e acrítica. Contribuímos com pesquisas no campo da Sociologia, Educação, Psicanálise, Psicologia, dentre outras áreas dedicadas à criança acolhida institucionalmente, que ampliam as condições para que a escola seja um espaço de socialização de saberes, culturas e conhecimentos, isto é, um espaço adequado para o acolhimento das demandas emocionais e das experiências vividas por cada criança.
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Palavras-chave
Crianças acolhidas, Professoras, Representações Sociais, Psicanálise, Educação
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