CORPOS QUE SANGRAM ALÉM DA CISGENERIDADE: IMAGENS MONSTRUOSAS E OUTROS DISCURSOS

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Data
2024/04/17
Orientadores
Programa
PPG-CINEAV -UNESPAR
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Editor
Universidade Estadual do Paraná
Resumo
Em uma cultura visual da qual somos pessoas receptoras e produtoras de imagens, é importante questionar o que nos é mostrado, reiterado, assumido e estampado no cotidiano. De imagens internas a externas (endógenas e exógenas), concebemos o mundo que nos rodeia e nos representa. Partindo do que Judith Butler emprega sobre o conceito de “construção”, refletimos sobre os discursos construídos a respeito do corpo, sexo e gênero e a forma como a lógica binária fundamenta as relações de poder, em especial pelo gesto das imagens da fotografia e do cinema. Esta dissertação encontra-se fundamentada nas teorias pós-estruturalista, feministas, queer e com avanços à cripistemologia. Propomos um diálogo com Michel Foucault, Thomas Laqueur, Paul Preciado, Berenice Bento, Michelle Perrot, Donna Haraway, entre outras/os autoras/es a fim de explicitar como o corpo é entendido, quais são as regulamentações e normas atribuídas aos sexos e gêneros e como se constroem as visões de um mundo “feminino” e “masculino”, em que a lógica hegemônica patriarcal prevalece. Contrários aos discursos “naturais”, encontramos os corpos tocados pelo “impuro” e pelo grotesco, sejam em suas formas físicas, psicológicas, de sexualidade ou gênero – corpos abjetos que contribuem significativamente para as imagens monstruosas pensadas nesta dissertação, as quais reverberam no espetáculo do horror. Diante disso, o objetivo deste trabalho consiste em investigar os corpos que ecoam nestas imagens. Como é visto este corpo e se há um atravessamento de gênero que permanece na cultura visual proporcionada por essas imagens, uma circularidade, um pathos que continua a manter uma visão sustentada por discursos médicos, biológicos, científicos e religiosos sobre o corpo e a monstruosidade a ele atribuída? A fim de refletir sobre essas questões, propomos uma metodologia fundamentada em Jean-Jacques Courtine e o conceito de intericonicidade, bem como as contribuições de Aby Warburg recuperadas por Didi Huberman e Etienne Samain. Compreendemos as imagens pelos insights que elas suscitam em nós e em suas relações com outras imagens – na tessitura do que chamamos de pathos. Apostamos que toda imagem é, também, um discurso – um já dito, uma imagem “velha” que a mídia recupera dentro de um acontecimento “novo”. Esses objetivos são traçados junto à constelação triádica proposta por Hans Belting (corpo-imagem-mídia), em que as imagens são entendidas entre a negociação de um corpo e uma mídia. Após tensionar essas reflexões, a partir do distanciamento do olhar cisgênero-normativo que continua a firmar noções de um binarismo já instaurado (ou se é homem ou mulher), dialogamos com Gilles Deleuze e o conceito de fabulação, a fim de proporcionar uma leitura de um corpo não-binário que o cinema de horror (e outras artes, de modo geral) pouco representa e mais silencia. Encontramos na fabulação um gesto de criação de modos de existências-outras, pelas quais nos fazemos pessoas vistas e ouvidas. Assim, para além da pergunta disparadora, também apontamos para novas formas de se integrar àquilo do qual nos sentimos já parte: da vida, da natureza e das relações. Este trabalho é um esforço circular e paralelo daquilo que [não] vemos e inevitavelmente nos olha.
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Palavras-chave
Imagens. Corpo. Gênero. Queer. Fabulação. Monstruosidade.
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