DOS PALCOS ÀS TELAS, O ESPETÁCULO DA (DES)HUMANIDADE: RELAÇÃO ENTRE OS FREAK SHOWS E VÊNUS NEGRA/2010

Nenhuma Miniatura disponível
Data
2020/12/09
Orientadores
Programa
PPG-CINEAV -UNESPAR
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Editor
Universidade Estadual do Paraná
Resumo
Este trabalho aborda como o controle e a representação sobre o corpo feminino são construídos ao longo do tempo, tanto pelos discursos médicoscientíficos, quanto pelas indústrias de entretenimento, sejam em tempos passados ou contemporâneos. Lançando um olhar para a história do cinema, buscamos discutir questões em torno do corpo com deficiência, problematizando como essas características foram produzidas e utilizadas para respaldar os espetáculos conhecidos como Freak Shows, os shows de horrores, assim como foram adotadas em várias produções cinematográficas, especialmente no filme Vênus Negra (2010). Temos ainda como objetivo compreender a posição e o tratamento dado ao corpo com deficiência seja pela sociedade ou pelos saberes da época, que embasavam sua diferenciação de maneira objetificada, para além das condições genéticas. Geralmente, ao corpo das mulheres com deficiência fora atribuído a condição de monstruosidade, e isso nos fez pensar e utilizar a categoria de “monstra” para melhor problematização desses atributos dispensados ao feminino. Nessa perspectiva, analisamos o longa-metragem Vênus Negra (2010) do diretor e roteirista franco-tunisino Abdellatif Kechiche, buscando compreender os discursos e representações sobre a vida e figura de Saartjie/Sarah Baartman, mulher negra, com deficiência e de origem africana (hotentote), que durante quatro anos teve seu corpo exposto a olhares europeus de maneira hipersexualizada e animalizada. Nossa análise tem como referenciais teórico-metodológicos, estudos propostos por múltiplos pensadores/as, dentre os/as quais Michel Foucault (2001;2004) e Guacira Lopes Louro (2018) para a compreensão da disciplinarização do corpo e entendimento dos conceitos normalidade/anormalidade. Para maior compreensão do feminismo negro, das interseccionalidades, da decolonialidade e da deficiência, utilizamos estudos das feministas Oyèrónkẹ́ Oyěwùmí (2004), Angela Davis (2016), bell hooks (2013) e de Lélia Gonzalez (1982). Já na análise fílmica, nos pautamos nas propostas metodológicas da pesquisadora Manuela Penafria (2009), assim como na teoria feminista do cinema proposta pelas autoras Laura Mulvey (1983) e Elizabeth Ann Kaplan (1995), que versam sobre a análise da câmera masculina presente no filme. Desse modo, por meio da linguagem fílmica aliada a análise historiográfica de múltiplas fontes, constatamos como os discursos e representações que perpassam a imagem da protagonista no filme Vênus Negra (2010), ainda são amplamente reproduzidas em filmes, seriados e programas televisivos do século XXI – incluindo aqui o contexto brasileiro, no qual referenciamos Muniz Sodré (2002) para exemplificar o que o autor denomina de império do grotesco –, perpetuando desta forma uma visão de subalternidade descrita por Spivak (2010), de controle e dominação do corpo feminino, especialmente o da mulher negra, enquanto território de relações de poder.
Descrição
Palavras-chave
Vênus Negra; Saartjie/Sarah Baartman; Freak Shows; Câmera Masculina; Anormalidade
Citação