EMPREENDEDORISMO NA EDUCAÇÃO: UMA ANÁLISE À LUZ DA DETERMINAÇÃO DO CAPITAL

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Data
2024/03/27
Programa
PPIFOR
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Editor
Universidade Estadual do Paraná
Resumo
Esta pesquisa vincula-se ao Programa de Pós-Graduação Mestrado em Ensino: Formação Docente Interdisciplinar, da Universidade Estadual do Paraná, Campus Paranavaí. O tema refere-se ao estudo e compreensão do empreendedorismo na educação brasileira. Para contribuir nesse debate o objetivo é analisar o empreendedorismo e os objetivos gerais de sua inserção na Educação Básica, considerando as categorias analíticas da obra marxiana. A pesquisa é qualitativa e se ampara em abordagem bibliográfica e documental, fundamentada no materialismo histórico, pois defende a compreensão da sociedade e da educação a partir de suas relações com o modo de produção capitalista. O empreendedorismo é analisado em suas origens e sentidos, verificando-se sua inserção nas legislações e diretrizes para a educação. Infere-se que ele é um termo polissêmico e tem origem no âmbito econômico, assumindo distintas conotações e sentidos, não podendo ser identificado por isso como teoria. Apesar disso, seus sentidos convergem para pontos em comum que são difundidos na educação, como a responsabilização dos indivíduos por mudanças econômicas, a possibilidade de readequação a contextos já existentes e a criatividade como forma de sobreviver à competitividade e à concorrência. Para subsidiar sua análise crítica, são discutidas as categorias analíticas da obra O Capital, de Karl Marx (1818-1883), especificamente do Livro I, desvelando os fundamentos da teoria do valor. São explorados os conceitos de Trabalho Concreto, que se refere às características e distinções de cada trabalho; de Trabalho Abstrato, entendido como o trabalho humano igual, que exige uma abstração do trabalho concreto e de todas as características que diferenciam cada trabalho, para se chegar a sua essência oculta; e de Trabalho Produtivo de Capital, com o qual se produz mais valor, objetivo fulcral da sociabilidade capitalista. Problematiza-se então o significado real do empreendedorismo sob o capital e seus desdobramentos para os futuros trabalhadores. As categorias marxianas revelam que a proposta do empreendedorismo não se sustenta no interior das relações sociais capitalistas estabelecidas, pois se propaga a ideia de “criar o próprio negócio”, “iniciar algo novo”, com a criação de uma atividade econômica voltada para a produção e venda de produtos e serviços, desconsiderando as condições reais e estruturantes do capital. Regida pela lógica do mercado, a determinação do valor das mercadorias no processo de troca se dá em função do cálculo da média social do tempo de trabalho abstrato necessário para a produção, sem controle de seus produtores. O desenvolvimento das forças produtivas, devido ao avanço da ciência e da tecnologia, altera o valor das mercadorias, acarretando duas consequências principais: desemprego e acirramento da concorrência intercapitalista. Os dados numéricos comprovam o significativo número de negócios encerrados na fase inicial e, com isso, percebe-se a falácia do empreendedorismo e o problema de ser considerado como um princípio educativo cuja função seria fomentar a inovação e a criatividade. Ao criar seu próprio negócio o empreendedor não está lidando apenas com a vontade e esforço individuais, mas com problemas de ordem estrutural, que não são superados por meio de ações pontuais, mas apenas com a derrocada do capital.
Descrição
Palavras-chave
Empreendedorismo; Educação Básica; Trabalho e educação; Capital
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