A BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR DO ENSINO MÉDIO E O PROCESSO DE UBERIZAÇÃO DO TRABALHO DOCENTE

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Data
2022/03/18
Programa
PPIFOR
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Editor
Universidade Estadual do Paraná
Resumo
A pesquisa, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Ensino da Universidade Estadual do Paraná – Campus de Paranavaí, analisa a BNCC do Ensino Médio na sua relação com mundo do trabalho flexível contemporâneo, em acordo com o trabalho de organização Toyotista afeito à indústria 4.0. Homologada em dezembro de 2018 sob o governo de Michel Temer, trata-se de um documento de caráter normativo que servirá de referência para a construção dos currículos de escolas públicas e particulares. Parte da premissa que, ao definir as aprendizagens consideradas essenciais, expressas em dez competências gerais, nega as formas clássicas da educação escolar e mantém o foco pragmático. Os docentes deverão centrar os conteúdos nas competências estabelecidas por esse documento, e a prática pedagógica é direcionada para a busca de resultados, uma vez que sua produtividade é avaliada em larga escala. O objetivo deste trabalho é analisar a relação entre a BNCC do Ensino Médio e o mundo do trabalho reestruturado, conforme os cânones da indústria 4.0 e suas implicações no trabalho docente. Trata se de uma pesquisa documental e bibliográfica que se baseia no pressuposto teórico metodológico do materialismo histórico. Inicialmente discute a reestruturação produtiva de predominância Toyotista, iniciada em 1980 nos países capitalistas centrais, e no Brasil a partir de 1990, buscando romper com a rigidez do fordismo keynesianismo, e visando a adequar os processos produtivos e gerenciamento da força de trabalho ao capital. O neoliberalismo é articulado ao modo de produção Toyotista, e esses processos combinados com a implementação da indústria 4.0, estruturada a partir das Tecnologias de Informação e Comunicação - TICs, e das plataformas tecnológicas implicam as transformações no mundo do trabalho e, consequentemente, na prática pedagógica. Posteriormente, este estudo analisa o processo de implementação da BNCC do Ensino Médio, bem como o ensino proposto por esse documento, conforme o disposto na Lei 13.415/2017. Verifica que, ao flexibilizar os currículos escolares, a BNCC sofre influência do pensamento pós moderno e se apropria dos pressupostos que norteiam as pedagogias do aprender a aprender, cujo foco concentra-se na formação de competências e habilidades. Por fim, identifica, na BNCC do Ensino Médio, a preocupação em instrumentalizar o aluno para o uso das tecnologias, de forma que estejam preparados para as exigências da nova estrutura do capitalismo de plataforma. Desse modo, com as mudanças no mundo do trabalho e o avanço tecnológico, os docentes da rede pública do Paraná têm incorporado obrigatoriamente elementos do trabalho uberizado, e ao realizarem suas atividades com intermédio de plataformas tecnológicas, têm sua prática controlada e perdem autonomia. A investigação evidencia que a BNCC do Ensino Médio propõe um currículo escolar esvaziado de conteúdo científico em consonância com o desenvolvimento de competências e habilidades. Esses fatores apresentados têm impactado o trabalho dos professores, que é controlado. Esses profissionais tornam se flexibilizados e reduzidos a organizar tarefas e operar plataformas digitais, dispensando uma atuação docente qualificada e integral e, ao perder o sentido do seu trabalho, ocorre uma (des) formação docente.
Descrição
Palavras-chave
Educação e trabalho; Trabalho docente; Indústria 4.0; BNCC do Ensino Médio.
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