A BNCC DO ENSINO MÉDIO E SUAS IMPLICAÇÕES PARA FORMAÇÃO E TRABALHO DOS PROFESSORES
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Data
2019/12/18
Autores
Orientadores
Programa
PPIFOR
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Editor
Universidade Estadual do Paraná
Resumo
A pesquisa, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Ensino da Universidade Estadual do Paraná – Campus de Paranavaí, busca investigar as demandas que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do Ensino Médio ocasiona à formação e ao trabalho dos professores. Recém aprovada e em fase de adequação pelas instituições de ensino de todo o país, públicas e particulares, a BNCC promove uma nova estrutura para o Ensino Médio e aprofunda a perspectiva de ensino disseminada no Brasil pelo “neoescolanovismo”, na década de 1990. Movimento esse que resgata alguns princípios educacionais da Escola Nova, como a aprendizagem baseada no fazer. É nesse período que os princípios da flexibilização toyotista chegam ao Brasil, permitindo a reestruturação produtiva, que foi iniciada em 1970 nos países de capital desenvolvido. Fundamentados nesse contexto, os ideais formativos defendidos a partir de 1990 no país primam por um ensino centrado no aluno e suas experiências individuais, privilegiando o desenvolvimento de competências e a aprendizagem pela ação com vistas à implantação de um novo modelo de organização da produção, que tenciona adequar as concepções pedagógicas às novas necessidades produtivas. Essas relações vêm se aprofundado e, atualmente, possuem um caráter mais ofensivo, dessa forma, é preciso buscar apreender, com muita cautela, de que forma a BNCC se insere nesse contexto, para tanto, se faz indispensável uma análise que supere sua aparência. Partindo dessa necessidade de aprofundamento de análise e pautado no materialismo histórico-dialético, o objetivo desse estudo é investigar a BNCC do Ensino Médio empenhando-se para desvelar o perfil de professor necessário para a sua efetivação. Para tanto, incialmente apresentamos uma discussão acerca do processo de reestruturação produtiva no Brasil, que possibilitou a nova organização de produção toyotista, rompendo com a rigidez fordista e instaurando o princípio da flexibilização – aspectos esses que foram incorporadas aos preceitos educacionais, resultando na difusão das pedagogias do “aprender a aprender” que, justamente, pensam o ensino como ferramenta para formação de sujeitos flexíveis. Na sequência, examinamos as alterações que essa flexibilização, tanto produtiva quanto educacional, causou à formação e ao trabalho docente, que foram racionalizados e perderam seu caráter formativo, considerando que o professor passou a ser compreendido como o profissional responsável por organizar as atividades práticas necessárias para que o aluno desenvolva seu próprio conhecimento. Assim, tendo relacionado a BNCC ao processo de flexibilização do ensino, passamos à análise das suas áreas de conhecimento e das orientações apresentadas, que servirão como base para elaboração dos itinerários formativos do Ensino Médio. A investigação evidencia o caráter pragmatista e liberal das atuais políticas educacionais, incluindo a BNCC. O documento defende a implementação de um currículo esvaziado de conteúdo, que se preocupe com o desenvolvimento de habilidades e competências pelos alunos e os prepare para ingresso imediato nos postos de trabalho flexibilizado. Desse modo, a organização do ensino deve promover a autonomia dos alunos, que serão responsabilizados por seu processo de ensino e o professor passa a ser um sujeito secundário e desprovido de conteúdo formativo. Logo, sem a necessidade de transmissão dos conhecimentos específicos das disciplinas, a nova configuração do Ensino Médio permite que a atuação docente se dê por profissionais não licenciados que atestarem “notório saber” na área. Se o processo de reestruturação produtiva contribuiu para a difusão de um novo perfil de professor e foi responsável pelo esvaziamento dos conteúdos de sua formação, as novas reformas políticas contribuirão para o acirramento dessas relações e o barateamento dos cursos de formação de professor.
Descrição
Palavras-chave
Trabalho e educação; BNCC; Formação de professores; Reestruturação produtiva.