Abordagens e práticas utilizadas por musicoterapeutas com crianças com transtorno do espectro autista

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Data
2025-07-30
Programa
PPGMUS
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Editor
Universidade Estadual do Paraná
Resumo
A musicoterapia tem ampliado sua visibilidade em diversos contextos nos últimos anos. Sua regulamentação em 2024 e o reconhecimento como prática baseada em evidências científicas têm fortalecido suas bases acadêmicas, promovendo, assim, maior interesse e realização de pesquisas. Estudos indicam que a musicoterapia apresenta resultados significativos no tratamento do autismo, principalmente na melhoria da interação social e comunicação nãoverbal e podendo ser um recurso importante para o comportamento adaptativo e para a qualidade de vida do indivíduo e para os membros da família. Este estudo teve como objetivo investigar quais as práticas e abordagens que os musicoterapeutas utilizam para o atendimento de crianças com transtorno do espectro autista, bem como avaliar as implicações dessas escolhas terapêuticas. Como metodologia foi realizada uma pesquisa qualitativa, descritiva e transversal, cujos dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas com nove musicoterapeutas atuantes em Curitiba e região, com pelo menos cinco anos de formação, que atuassem em consultórios particulares ou clínicas especializadas. A análise dos dados foi realizada com base na Análise de Conteúdo proposta por Bardin de forma categórica, utilizando os softwares IRaMuTeQ e Atlas TI para o processamento de dados e codificação. Os resultados apontaram que os musicoterapeutas se fundamentam nos referenciais teóricos da musicoterapia e em outras áreas da saúde correlatas ao autismo. Todos os profissionais referiram-se aos métodos descritos por Kenneth Bruscia como norteadores de suas atuações. Também destacaram o uso da musicoterapia comportamental como uma abordagem recorrente entre os participantes, considerando-a, principalmente, para o manejo de comportamentos e a orientação de condutas profissionais com determinados perfis de crianças, e o uso das variadas formas demusicoterapia improvisacional, sendo uma importante abordagem de vinculação e relacionamento entre o terapeuta e a criança. Foram identificadas práticas baseadas em evidências, no discurso dos profissionais, presentes no relatório do National Clearinghouse on Autism Evidence and Practice (NCAEP), além da intervenção baseada em música, com destaque para intervenção naturalística e o uso de comunicação alternativa e aumentativa. Os resultados relatados sobre os atendimentos em musicoterapia apontaram para a aquisição de novas habilidades, o aprimoramento de habilidades existentes e para mudanças de comportamento da criança com autismo. Discutiu-se que embora as abordagens forneçam um importante arcabouço para a prática clínica, esta é influenciada por múltiplos fatores: o conhecimento sobre o paciente, a compreensão da condição neurológica, os domínios musicoterapêuticos e as experiências empíricas adquiridas ao longo de suas atuações. Concluise que a pesquisa contribui para o campo ao evidenciar que as práticas musicoterapêuticas são construídas por estes fatores contextuais e que os resultados dos atendimentos são positivos quando o profissional compreende estes aspectos, mesmo utilizando múltiplas abordagens ou na ausência de uma definição explícita. Além de proporcionar um diálogo teórico e prático da profissão. Uma limitação identificada na pesquisa foi a delimitação da regionalização que não abrange um contexto generalizado. Sugere-se, para estudos futuros, a ampliação do escopo da pesquisa para um grupo mais abrangente de respondentes para melhor compreensão da prática musicoterapêutica com o público com autismo.
Descrição
Music therapy has gained increasing visibility in various contexts in recent years. Its regulation in 2024 and its recognition as a scientifically evidence-based practice have strengthened its academic foundations, thereby promoting greater interest and the development of research. Studies indicate that music therapy yields significant results in the treatment of autism, particularly in improving social interaction and non-verbal communication, and it may serve as an important resource for adaptive behavior and for enhancing the quality of life of both the individual and their family members. This study aimed to investigate the practices and approaches used by music therapists in the treatment of children with autism spectrum disorder, as well as to assess the implications of these therapeutic choices. A qualitative, descriptive, and cross-sectional research methodology was employed, with data collected through semistructured interviews with nine music therapists working in Curitiba and the surrounding region. All participants had at least five years of professional experience and were working in private offices or specialized clinics. Data analysis was conducted using the Content Analysis method proposed by Bardin, following a categorical approach, and supported by the software tools IRaMuTeQ and Atlas.ti for data processing and coding. The results indicated that music therapists ground their practices in the theoretical frameworks of music therapy and in other health-related fields associated with autism. All professionals referred to the methods described by Kenneth Bruscia as guiding references for their clinical work. They also emphasized the use of behavioral music therapy as a recurring approach among participants, particularly for behavior management and guiding professional conduct with specific child profiles, as well as the use of various forms of improvisational music therapy, considered an important approach for bonding and relationship-building between therapist and child. Evidence-based practices were identified in the professionals’ narratives, as listed in the report by the National Clearinghouse on Autism Evidence and Practice (NCAEP), including music-based interventions, with emphasis on naturalistic intervention and the use of augmentative and alternative communication. The reported outcomes of music therapy sessions included the acquisition of new skills, the enhancement of existing abilities, and behavioral changes in children with autism. It was discussed that, although these approaches offer a relevant framework for clinical practice, their implementation is influenced by multiple factors: knowledge of the patient, understanding of the neurological condition, music therapy domains, and the empirical experience acquired throughout their professional journeys. It is concluded that this study contributes to the field by demonstrating that music therapy practices are constructed through these contextual factors and that the outcomes of the sessions tend to be positive when therapists understand and consider these aspects—even when multiple approaches are used or when none are explicitly defined. Additionally, the research promotes theoretical and practical dialogue within the profession. Some limitations were identified, such as the regional scope of the study, the focus on a child population, and restriction to a single diagnosis. For future studies, it is recommended to expand the research scope to include a broader group of respondents, a wider age range in therapy sessions, and the inclusion of other diagnoses.
A musicoterapia tem ampliado sua visibilidade em diversos contextos nos últimos anos. Sua regulamentação em 2024 e o reconhecimento como prática baseada em evidências científicas têm fortalecido suas bases acadêmicas, promovendo, assim, maior interesse e realização de pesquisas. Estudos indicam que a musicoterapia apresenta resultados significativos no tratamento do autismo, principalmente na melhoria da interação social e comunicação nãoverbal e podendo ser um recurso importante para o comportamento adaptativo e para a qualidade de vida do indivíduo e para os membros da família. Este estudo teve como objetivo investigar quais as práticas e abordagens que os musicoterapeutas utilizam para o atendimento de crianças com transtorno do espectro autista, bem como avaliar as implicações dessas escolhas terapêuticas. Como metodologia foi realizada uma pesquisa qualitativa, descritiva e transversal, cujos dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas com nove musicoterapeutas atuantes em Curitiba e região, com pelo menos cinco anos de formação, que atuassem em consultórios particulares ou clínicas especializadas. A análise dos dados foi realizada com base na Análise de Conteúdo proposta por Bardin de forma categórica, utilizando os softwares IRaMuTeQ e Atlas TI para o processamento de dados e codificação. Os resultados apontaram que os musicoterapeutas se fundamentam nos referenciais teóricos da musicoterapia e em outras áreas da saúde correlatas ao autismo. Todos os profissionais referiram-se aos métodos descritos por Kenneth Bruscia como norteadores de suas atuações. Também destacaram o uso da musicoterapia comportamental como uma abordagem recorrente entre os participantes, considerando-a, principalmente, para o manejo de comportamentos e a orientação de condutas profissionais com determinados perfis de crianças, e o uso das variadas formas demusicoterapia improvisacional, sendo uma importante abordagem de vinculação e relacionamento entre o terapeuta e a criança. Foram identificadas práticas baseadas em evidências, no discurso dos profissionais, presentes no relatório do National Clearinghouse on Autism Evidence and Practice (NCAEP), além da intervenção baseada em música, com destaque para intervenção naturalística e o uso de comunicação alternativa e aumentativa. Os resultados relatados sobre os atendimentos em musicoterapia apontaram para a aquisição de novas habilidades, o aprimoramento de habilidades existentes e para mudanças de comportamento da criança com autismo. Discutiu-se que embora as abordagens forneçam um importante arcabouço para a prática clínica, esta é influenciada por múltiplos fatores: o conhecimento sobre o paciente, a compreensão da condição neurológica, os domínios musicoterapêuticos e as experiências empíricas adquiridas ao longo de suas atuações. Concluise que a pesquisa contribui para o campo ao evidenciar que as práticas musicoterapêuticas são construídas por estes fatores contextuais e que os resultados dos atendimentos são positivos quando o profissional compreende estes aspectos, mesmo utilizando múltiplas abordagens ou na ausência de uma definição explícita. Além de proporcionar um diálogo teórico e prático da profissão. Uma limitação identificada na pesquisa foi a delimitação da regionalização que não abrange um contexto generalizado. Sugere-se, para estudos futuros, a ampliação do escopo da pesquisa para um grupo mais abrangente de respondentes para melhor compreensão da prática musicoterapêutica com o público com autismo.
Palavras-chave
Autismo infantil, musicoterapia, práticas terapêuticas, abordagens em musicoterapia
Citação
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