REBULIÇOS E REBUCETEIOS: PROCESSO DE CRIAÇÃO DE UMA WEBSÉRIE LÉSBICA

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Data
2024/04/30
Programa
PPG-CINEAV -UNESPAR
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Editor
Universidade Estadual do Paraná
Resumo
Este estudo reflete sobre minha própria poética de criação no desenvolvimento da websérie “Rebuliços e Rebuceteios”, de temática lésbica, em seus atravessamentos entre os campos das práticas artísticas do cinema e das artes do vídeo, dos estudos de roteiro, das filosofias e metodologias do design, que aqui inspiram uma diretriz de criação e passam a integrar a minha metodologia artística, e do próprio formato websérie. Partindo da hipótese de que a proximidade entre a escrita e a realização no processo de criação audiovisual é chave para a inovação na história do cinema (MARAS, 2010), e de que as webséries são um substrato fortuito para abrigar novas formas narrativas e processos audiovisuais alternativos (TAYLOR, 2015), a ideia do roteiro como protótipo em seu sentido iterativo, exploratório e experimental advindos do design (MILLARD, 2010), integra uma filosofia pessoal de criação, do início ao fim do processo. A expectativa é observar de que forma meu processo de criação, que muito deve aos manuais de roteiro mais adotados na indústria (MILLARD, 2010), no qual uma ideia inicial cresce a partir de si mesma e evolui linearmente em etapas definidas e rígidas, é afetado pela visualidade exigida dos protótipos, pela exploração, o ethos investigativo dos designers, e pelo princípio iterativo, da exploração de ideias variadas e do retorno a etapas e a gestos criativos anteriores. A metodologia de pesquisa empregada tem como base a crítica de processos de Cecília de Almeida Salles (2011), calcada na investigação de documentos de processo, mas a metodologia artística é imbricada de ferramentas e metodologias do campo do design. Assim, documentos usuais das etapas de desenvolvimento de roteiro (logline, sinopse, fichas de personagens e tratamentos de roteiro), bem como ferramentas criativas do campo do design (redes de criação, matrizes e moodboards) tornam-se objetos de reflexão crítica. Além de auxiliar a tornar visível o processo de criação, tais ferramentas também abrem novas possibilidades para a concepção narrativa no cinema e nas demais mídias que herdam sua linguagem. O conceito de “rede de criação”, teorizado por Salles como metodologia para a investigação de processos, por exemplo, é aqui tomado como ferramenta criativa capaz não só de documentar os atravessamentos entre estudo e criação, tornando-os visuais, mas de informar novos passos de reflexão e novos gestos de criação a serem perseguidos pela pesquisa poética. A rede é capaz de evocar tanto referenciais teóricos e metodológicos quanto artísticos, tornando a reflexão indissociável da criação. A necessidade de observar obras audiovisuais que possam inspirar o processo criativo, por exemplo, pode emergir da rede à medida em que essa se ramifica. É o caso de um grupo de filmes lésbicos independentes dos anos 90’: “Go Fish” (1994), The Incredible “Adventures of Two Girls in Love” (1995) e “The Watermelon Woman” (1996), que são observados para inspirar a criação não só em sua temática queer, mas em seu ethos de independência e experimentação estética, próximo ao teorizado para as webséries.
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Palavras-chave
Processos de Criação; Roteiro de Websérie; Redes de Criação; Processos Iterativos; Roteiro Como Protótipo.
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