Análise Dialógica dos Discursos de Réus do Crime de Feminicídio no Tribunal do Júri

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dc.contributor.advisorPOLATO, Adriana Delmira Mendes
dc.contributor.advisorLatteshttp://lattes.cnpq.br/0099891414348765
dc.contributor.authorSOUZA, Andreia Aparecida de
dc.contributor.authorLatteshttp://lattes.cnpq.br/6831645881640927
dc.contributor.referee1POLATO, Adriana Delmira Mendes
dc.contributor.referee1Latteshttp://lattes.cnpq.br/0099891414348765
dc.contributor.referee2FRANÇA, Fabiane Freire
dc.contributor.referee2Latteshttp://lattes.cnpq.br/8009677334152001
dc.contributor.referee3OLIVEIRA, Neil Armstrong Franco de
dc.contributor.referee4PRADO, Robervani Pierin do
dc.date.accessioned2025-02-06T18:13:49Z
dc.date.available2025-02-06T18:13:49Z
dc.date.issued2022-05-31
dc.description.abstractO presente estudo, ancorado em uma abordagem interdisciplinar e dialógica, tem como objetivo compreender como os discursos mobilizados em depoimentos de réus assassinos confessos ou acusados do crime de feminicídio no Tribunal do Júri se constituem axiológica e ideologicamente para a isenção total ou atenuação da culpa. Assim, analisa como se constroem discursivamente imagens de mulheres e de homens em relações sociais assimétricas, nas quais a prática da violência contra a mulher e sua expressão máxima no crime de feminicídio subsistem historicamente. Em termos metodológicos, trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa e interpretativista, que coaduna a abordagem interdisciplinar ampla do tema no tempo histórico e as orientações teórico-metodológicas da concepção sociológica de linguagem do Círculo de Bakhtin, sob viés da Análise Dialógica do Discurso (ADD), perspectiva analítico-interpretativa adotada. Três depoimentos de réus confessos ou acusados do crime de feminicídio no tribunal do Júri, colhidos entre os anos de 2018 e 2020, depois da publicação da Lei Maria da Penha e da Lei do feminicídio, são tomados como unidades de análise e compreendidos em seu teor valorativo de documentos. Os resultados indicam que: a) no cronotopo do Júri, a partir do grande cronotopo social, os discursos dos réus assassinos confessos ou acusados manifestam-se sob um tom defensivo-vitimista-acusativo. Já na esfera ideológica da comunicação jurídica, os discursos manifestam-se híbridos, a coadunar discursos intimo-cotidianos, morais e legais. Em adição, na situação específica de interação no Tribunal do Júri, que forma a atmosfera axiológica do depoimento, os discursos organizam-se profórmico-hierárquico-bivocais e perpassados de relações dialógicas com leis, o que se comprova no estilo verbal dos depoimentos, construídos a partir da introdução valorada das vozes das vítimas assassinadas, das vozes dos assassinos, para compartilhamento de constructos socio-históricos, culturais e ideológicos machistas e ainda vigentes numa sociedade patriarcal, os quais se concretizam em axiologias compartilhadas na materialidade dos enunciados, mobilizadas para convencimento dos interlocutores juiz, promotor, advogados e componentes do júri, como via legítima à isenção ou atenuação da pena. No conteúdo temático, reflexo do cronotopo, os discursos dos réus assassinos confessos ou acusados do crime de feminicídio se constituem em tensões fronteiriças entre a construção de imagens negativas da mulher assassinada e de imagens dos réus como vítimas interpeladas a agir, em razão dos comportamentos adotados ou atos praticados pela mulher. Assim, estilístico-composionalmente, e axiológica e ideologicamente são discursivizadas: c) imagens de mulheres ora traidoras, ora enganadoras, ora ciumentas, histéricas, infantis, desobedientes, provocativas, desajustadas, agressivas e outras. De si próprios, os assassinos confessos ou acusados discursivizam imagens de um homem vitimado, psicologicamente abalado, nervoso, provocado, descontrolado, inconsciente, sem intenção de matar, interpelado, esquecido dos fatos quando conveniente ao não comprometimento em qualificadoras e arrependido. O trabalho, assim, prospecta que a Análise Dialógica do Discurso (ADD) corrobora a compreensão dos discursos dos reús assassinos confessos ou acusados, para que se refutem valores que subsidiam seus atos, os quais se apoiam no histórico de desigualdades de gênero, do machismo e das assimetrias que se estabelecem na organização social patriarcal, a qual favorece todas as formas de violência contra a mulher e sua expressão letal no feminicídio.
dc.description.resumoThe present study, anchored in an interdisciplinary and dialogical approach, aims to understand how the discourses mobilized in statements of confessed or accused murderers defendants of the crime of feminicide in the Jury Court are axiologically and ideologically constituted for the total exemption or mitigation of guilt. Thus, it analyzes how the images of women and men are discursively constructed in asymmetrical social relations, in which the practice of violence against women and its maximum expression in the crime of feminicide historically subsist. In methodological terms, this is a qualitative and interpretativist research, which combines a broad interdisciplinary approach to the theme in historical time and the theoretical and methodological guidelines of Bakhtin's Circle sociological conception of language, under the bias of the Dialogic Discourse Analysis (DDA), the analyticalinterpretative perspective adopted. Three statements of defendants confessed or accused of the crime of feminicide in the jury court, collected between the years 2018 and 2020, after the publication of the Maria da Penha Law and the Law of feminicide, are taken as units of analysis and understood, in their evaluative content of documents. The results indicate that: a) in the Jury chronotope, from the social grand chronotope, the discourses of confessed or accused murderers defendants manifest themselves under a defensive-victimistic-accusative tone. In the ideological sphere of legal communication, on the other hand, the speeches manifest themselves as hybrids, combining intimate, moral and legal discourses. In addition, in the specific situation of interaction in the Jury Court, which forms the axiological atmosphere of the statements, the discourses are organized proformically-hierarchicalbivocal and permeated by dialogical relations with laws, which is proven in the verbal style of the statements, built from the valued introduction of the murdered victims' voices and the murderers' voices, to the sharing of social-historical, cultural and ideological constructs that are sexist and still in force in a patriarchal society, which are materialized in axiologies shared in the materiality of the statements, mobilized to convince the interlocutors judge, prosecutor, lawyers and members of the jury, as a legitimate way to the exemption or mitigation of punishment. In the thematic content, reflecting the chronotope, the speeches of the defendants, confessed murderers or accused of the crime of feminicide, are constituted in border tensions between the construction of negative images of the murdered woman and the images of the defendants as victims interpellated to act, due to the behaviors adopted or acts practiced by the woman. Thus, stylistically-compositionally, and axiologically and ideologically are discursivized: c) images of women sometimes traitorous, sometimes deceitful, sometimes jealous, hysterical, childish, disobedient, provocative, maladjusted, aggressive and others. Of themselves, the confessed or accused murderers discoursed images of a victimized man, psychologically shaken, nervous, provoked, uncontrolled, unconscious, with no intention of killing, interpellated to act, oblivious to the facts when convenient to the non-commitment in qualifiers and regretful. The work, thus, prospects that the Dialogic Discourse Analysis (DDA) corroborates the understanding of the discourses of the confessed or accused murderers defendants, in order to refute values that subsidize their acts, which are based on the history of gender inequalities, sexism and asymmetries that are established in the patriarchal social organization, which favors all forms of violence against women and its lethal expression in feminicide.
dc.identifier.urihttps://repositorio.unespar.edu.br/handle/123456789/210
dc.languagePortuguês
dc.publisherUniversidade Estadual do Paraná
dc.publisher.countryBrasil
dc.publisher.departmentUNESPAR Campus de Campo Mourão
dc.publisher.initialsPPGSeD
dc.publisher.programPrograma de Pós-Graduação Interdisciplinar Sociedade e Desenvolvimento
dc.subjectInterdisciplinaridade. Análise Dialógica do Discurso (ADD). Feminicídio. Discursos de réus assassinos confessos ou acusados.
dc.subject.capesInterdisciplinar
dc.titleAnálise Dialógica dos Discursos de Réus do Crime de Feminicídio no Tribunal do Júri
dc.typeDissertação
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