“O PROCESSO DA CÓPIA COMO ESTUDO DE CRIAÇÃO NO CINEMA”

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Data
2025-04-01
Programa
PPG-CINEAV
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Editor
Universidade Estadual do Paraná
Resumo
Esta pesquisa tem como premissa a defesa da cópia como uma etapa do processo de estudo de criação no cinema. Acreditamos que, no contexto pedagógico, a cópia possa tornar mais acessível e didática a compreensão da estrutura e da linguagem que constituem uma obra cinematográfica. Tal hipótese surge da constatação de que parece haver um entrave na possibilidade de se abordar metodologias de análise e estudo de criação no cinema justamente por algo que reside na sua origem, que é a natureza ontológica de obtenção das imagens cinematográficas e como a relação entre quem filma, câmera e objeto a ser filmado é intermediada mentalmente para a concepção da forma e linguagem concebida. Sendo assim, sem um lastro físico que indique a transformação da imagem real para a imagem fílmica, como tornar possível e visível a intervenção, criação portanto, feita na imagem? Nesse sentido que este trabalho reúne os conceitos de ontologia, linguagem, materialidade, opacidade e transparência, respectivamente a partir de André Bazin Peter Wollen e Ismail Xavier para defender a ideia de que, no ato de criação, a imagem real é irremediavelmente transformada pela linguagem cinematográfica (propiciando que, principalmente no modernismo, determinadas obras sejam compreendidas sob o signo do distanciamento). Tais conceitos são essenciais para constituir a ideia de que a cópia poderia ser um elemento interessante de dissolução desse impasse entre natureza da imagem cinematográfica, ausência de lastro criativo e metodologias didáticas e de análise de filmes. A partir da necessidade de observar e analisar outro objeto a ser copiado, esperam-se necessariamente dois movimentos importantes em termos metodológicos e didáticos: que se crie um espaço propício de distanciamento da obra em seu objetivo narrativo para que então se adentre aos seus elementos constituintes como foco do processo e que funcione como uma espécie de filtro criativo que facilite a atenção ao estudo da estrutura do filme. Na ausência da proposta de cópia e dentro das possibilidades infinitas oferecidas pelo real se tornaria muito mais complicado de observar, já que os esforços não seriam para a observação das estruturas, mas sim na realização delas e nem sempre a sua realização é autoconsciente nesse sentido. Como estudos de caso que possam dar corpo à ideia de cópia como processo interessante de estudo de criação serão analisados os filmes: A hipótese do quadro roubado (Raúl Ruiz, 1978) e Dublê de corpo (Brian De Palma, 1984). Por fim, será dado o passo inicial para a estruturação da cópia como processo de estudo de criação propiciando uma abordagem didática a partir de Bergala, que será referência importante nesta pesquisa.
Descrição
This research is based on the premise of defending copying as a stage in the process of studying creation in cinema. We believe that, in a pedagogical context, copying can make the understanding of the structure and language that constitute a cinematographic work more accessible and didactic. This hypothesis arises from the observation that there seems to be an obstacle in the possibility of approaching methodologies of analysis and study of creation in cinema precisely because of something that resides in its origin, which is the ontological nature of obtaining cinematographic images and how the relationship between the filmer, the camera and the object to be filmed is mentally mediated for the conception of the conceived form and language. Therefore, without a physical basis that indicates the transformation of the real image into the filmic image, how can we make the intervention, therefore creation, made in the image possible and visible? In this sense, this work brings together the concepts of ontology, language, materiality, opacity and transparency, respectively from André Bazin Peter Wollen and Ismail Xavier, to defend the idea that, in the act of creation, the real image is irremediably transformed by cinematic language (allowing certain works to be understood under the sign of distancing, especially in modernism). Such concepts are essential to establish the idea that copying could be an interesting element in dissolving this impasse between the nature of the cinematic image, the absence of creative ballast and didactic and film analysis methodologies. Based on the need to observe and analyze another object to be copied, two important movements are necessarily expected in methodological and didactic terms: that a space is created that is conducive to distancing the work in its narrative objective so that its constituent elements can then be delved into as the focus of the process; and that it functions as a kind of creative filter that facilitates attention to the study of the film's structure. In the absence of the proposal for copying and within the infinite possibilities offered by reality, it would become much more complicated to observe, since efforts would not be made to observe the structures, but rather to carry them out, and their implementation is not always self-conscious in this sense. The films The Stolen Picture Hypothesis (Raúl Ruiz, 1978) and Body Double (Brian De Palma, 1984) will be analyzed as case studies that can give substance to the idea of copying as an interesting process of studying creation. Finally, the initial step will be taken towards structuring copying as a process of studying creation, providing a didactic approach based on Bergala, who will be an important reference in this research.
Esta pesquisa tem como premissa a defesa da cópia como uma etapa do processo de estudo de criação no cinema. Acreditamos que, no contexto pedagógico, a cópia possa tornar mais acessível e didática a compreensão da estrutura e da linguagem que constituem uma obra cinematográfica. Tal hipótese surge da constatação de que parece haver um entrave na possibilidade de se abordar metodologias de análise e estudo de criação no cinema justamente por algo que reside na sua origem, que é a natureza ontológica de obtenção das imagens cinematográficas e como a relação entre quem filma, câmera e objeto a ser filmado é intermediada mentalmente para a concepção da forma e linguagem concebida. Sendo assim, sem um lastro físico que indique a transformação da imagem real para a imagem fílmica, como tornar possível e visível a intervenção, criação portanto, feita na imagem? Nesse sentido que este trabalho reúne os conceitos de ontologia, linguagem, materialidade, opacidade e transparência, respectivamente a partir de André Bazin Peter Wollen e Ismail Xavier para defender a ideia de que, no ato de criação, a imagem real é irremediavelmente transformada pela linguagem cinematográfica (propiciando que, principalmente no modernismo, determinadas obras sejam compreendidas sob o signo do distanciamento). Tais conceitos são essenciais para constituir a ideia de que a cópia poderia ser um elemento interessante de dissolução desse impasse entre natureza da imagem cinematográfica, ausência de lastro criativo e metodologias didáticas e de análise de filmes. A partir da necessidade de observar e analisar outro objeto a ser copiado, esperam-se necessariamente dois movimentos importantes em termos metodológicos e didáticos: que se crie um espaço propício de distanciamento da obra em seu objetivo narrativo para que então se adentre aos seus elementos constituintes como foco do processo e que funcione como uma espécie de filtro criativo que facilite a atenção ao estudo da estrutura do filme. Na ausência da proposta de cópia e dentro das possibilidades infinitas oferecidas pelo real se tornaria muito mais complicado de observar, já que os esforços não seriam para a observação das estruturas, mas sim na realização delas e nem sempre a sua realização é autoconsciente nesse sentido. Como estudos de caso que possam dar corpo à ideia de cópia como processo interessante de estudo de criação serão analisados os filmes: A hipótese do quadro roubado (Raúl Ruiz, 1978) e Dublê de corpo (Brian De Palma, 1984). Por fim, será dado o passo inicial para a estruturação da cópia como processo de estudo de criação propiciando uma abordagem didática a partir de Bergala, que será referência importante nesta pesquisa.
Palavras-chave
Cópia; Ontologia; Estudo de criação; Criação cinematográfica; Alain Bergala.
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